4.12.2010

Para especialistas, efeitos do Twitter são diferentes para candidatos nas eleições majoritárias e proporcionais

RIO - A corrida eleitoral revela diferentes estratégias na briga pela preferência do eleitor. Antes mesmo de ser dada a largada para a campanha deste ano - o que acontecerá somente a partir do dia 6 de julho - muitos pré-candidatos já aderiram às redes sociais, com o objetivo de estreitar laços com aqueles que decidem o pleito. O uso do Twitter, por exemplo, faz parte desta tentativa de conquistar o eleitor. Os especialistas, entretanto, advertem que os efeitos do uso do microblog são diferentes entre os candidatos às eleições majoritárias (presidente, governador e senador) e às proporcionais (deputados federal e estadual).

Para o cientista político Juliano Borges, o potencial do Twitter depende da forma como o candidato o utiliza. Ele acredita que os aspirantes aos cargos proporcionais não tenham nada a perder com a adesão ao microblog, diferentemente daqueles que desejam vencer uma eleição majoritária.

- As redes sociais são apenas uma ferramenta. A ideia é articulá-las numa campanha muito mais abrangente e me parece que isto ainda não está definido pelos candidatos. As eleições proporcionais têm menos atenção e, por isso, os candidatos não têm nada a perder com isso - disse.


no twitter, pré-candidatos adotam estilos diferentes,

eleições 2010: internet pode aproximar eleitor
das campanhas, diz especialista


O chefe de departamento de Estudos de Mídia da UFF, Afonso de Albuquerque, concorda e acrescenta que o mau uso do Twitter por parte dos candidatos a cargos majoritários pode, inclusive, ter efeito contrário à ideia pretendida.

- A maioria dos votos para a eleição proporcional é por regiões. Essa votação regional é menos vulnerável que aquela que precisa de meios gerais. Com isso, o elemento do risco é menor - disse. - A minha sensação é de que as novas mídias ainda são mal compreendidas por quem funciona com a lógica dos mais antigos

A diferença entre os benefícios do Twitter vale também para os partidos maiores e os menores. De acordo com a professora Adriane Figueirola Martins, que participa de pesquisas sobre os partidos políticos e a internet, as redes sociais podem ajudar na propaganda boca a boca, fundamentais para candidatos nas eleições proporcionais.

- Se você analisar as campanhas políticas de outros países, você percebe que (as redes sociais) são elementos que eles usam muito. Ali, os partidos menores podem usar a rede da mesma forma que os grandes - afirmou. - E tem uma outra questão: a interação. O retweet cria uma estratégia de boca a boca.

A estratégia de utilizar o Twitter para estabelecer uma relação com o eleitor deve analisar os prós e os contras proporcionados pelo meio. Os efeitos de uma declaração negativa na rede, por exemplo, podem ser irreversíveis. Então, segundo os especialistas, é preciso avaliar ganhos e perdas.

- O Twitter é potencialmente desastroso. Um político que não pensa antes de falar deve evitá-lo a todo custo. Uma declaração ruim pode ter muito retweet e um efeito devastador - opinou Afonso.

O professor disse ainda que os políticos que pretendem criar um perfil no microblog com a proximidade das eleições devem ter cautela para não serem mal interpretados:

- Eles devem fazer o Twitter com uma proposta. Se criar quando entrar na campanha, poderá ter um sinal de oportunismo.

Efeito da campanha de Obama à Presidência não irá se repetir no Brasil

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, foi eleito com a ajuda de redes sociais. Mas, para os especialistas, a situação na eleição brasileira é bem diferente da americana. Para Juliano Borges, os políticos brasileiros ficaram contaminados pela campanha do presidente americano.

- Não dá para acreditar que, porque o Obama fez tanto sucesso, tem uma fórmula que vai ser aplicada. O contexto foi muito peculiar, com um cenário um pouco mais desenhado quando começou a campanha.

Para Afonso de Albuquerque, é um engano pensar que foram as redes sociais que elegeram Obama:

- Foi uma eleição com altíssimo nível de engajamento, em contraposição à eleição anterior. Neste contexto, entraram as redes sociais.

Já para Adriane, existe um diferencial que impede que a "onda Obama" se repita no Brasil: o acesso do brasileiro à internet.

- Não acredito em um impacto muito grande porque a internet é ainda é muito segmentada, pega uma população pequena em comparação com o público que vota.

Fonte: O Globo

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